Algumas palavras...

"O Céu é um grande livro, aberto, pelo amor de Deus, à inteligência do homem." Dr. Serge Raynaud de La Ferriè

segunda-feira, 21 de março de 2011

Da Astronomia no Brasil

ASTRONOMIA NO BRASIL
(Por José Roberto V. Costa)




Tudo começou há mais de quinhentos anos. Enquanto Colombo e Vasco da Gama tinham feito suas viagens com apenas três caravelas, Cabral recebeu treze embarcações e 1500 homens, a maior expedição jamais vista em terras portuguesas.

Entre seus subordinados estavam os melhores navegadores, pilotos e exploradores de seu tempo. Inclusive um fidalgo de origem espanhola chamado João Emeneslau ou simplesmente Mestre João, “físico e cirurgião”, principal investigador da expedição.

Partiram dia 9 de Março, pelo calendário usado na época, antes da reforma Gregoriana de 1582. Após cruzarem as ilhas Canárias, uma embarcação se perde e dela nunca mais se ouviu falar.

Em 23 de Abril, o dia seguinte ao avistamento das novas terras, a expedição desembarcou e no local hoje conhecido como Baía de Cabrália o Mestre João realizou os primeiros trabalhos para determinação da latitude.

Foi ali que ele vislumbrou um conhecido asterismo da constelação do Centauro, cuja extraordinária beleza se destacou em forma de cruz.


Dia 2 de maio a expedição ruma para a Índias
e uma caravela retorna à Portugal
com as cartas que oficializaram a descoberta.
Sua carta ao Rei de Portugal é o mais antigo documento a mencionar a designação Crux, pelo qual mais tarde seria conhecida a constelação do Cruzeiro do Sul, uma das mais belas e significativas constelações do firmamento.


 


As sucessivas viagens de exploração à costa trouxeram muitos dados importantes, principalmente com relação à determinação de latitudes. O primeiro estudo sistemático de Astronomia no Brasil foi iniciado por Jorge Marcgrave, da comitiva de Maurício de Nassau, durante o domínio holandês.


Um observatório foi instalado numa das torres do Palácio de Friburgo, na Ilha de Antônio Vaz, Recife. Marcgrave observou ocultações, conjunções e uma série de eclipses, como o da Lua de Abril de 1642, visto do Forte dos Reis Magos, na foz do rio Potengi, em Natal (ilustração abaixo).


Astrônomos ilustres

DESDE O FINAL DO SÉCULO XVII e durante o século XVIII vários astrônomos ilustres visitaram o Brasil. Edmund Halley, o descobridor do famoso cometa que leva seu nome, esteve em diversas cidades do litoral. Foi ele quem determinou a declinação magnética do Rio de Janeiro, em 1699.

Para a correta demarcação do Tratado de Madrid, de 1750, em substituição ao Tratado de Tordesilhas (1494), muitos geógrafos e astrônomos foram enviados pelas cortes espanhola e portuguesa ao continente sul-americano. Mais tarde, em 1777, foi assinado o Tratado de Santo Ildefonso, dando origem a novas expedições científicas para a região Sul do Brasil. O mesmo aconteceu a partir de 1781, com a demarcação da região Norte.

 D. Pedro II é o Patrono da Astronomia no Brasil
D. PEDRO II DIZIA QUE SE NÃO FOSSE O IMPERADOR DO BRASIL seria um professor. E que professor ele seria! D. Pedro de Alcântara era um intelectual de verdade e grande entusiasta das ciências.


Mantinha contato estreito com muitos nomes ilustres da época, como Camille Flamarion e Victor Hugo, com os quais dividia a paixão pela Astronomia. Fundou bibliotecas, museus, observatórios astronômicos e meteorológicos em várias partes do país, algumas vezes mantendo-os com recursos pessoais. Ainda jovem, com apenas 22 anos, era um Imperador dedicado, simples e tranqüilo.


O Imperial Observatório do Brasil havia sido criado por decreto em 1827, no Rio de Janeiro, mas só começara a funcionar quase vinte anos depois. D. Pedro II deu forma e alma a instituição, cedendo os próprios instrumentos que utilizava em seu observatório particular na Quinta da Boa Vista, para que o Imperial Observatório pudesse iniciar suas atividades.

Infelizmente, o gosto pessoal do Imperador pelas ciências não contagiou seus frios auxiliares de governo. Naquela época, países como o Chile e a Argentina já possuíam observatórios superiores, dirigidos por profissionais eminentes.

D. Pedro II sempre se queixou disso. Sonhava com um observatório astronômico moldado nos mais modernos estabelecimentos existentes na época.

Pensava no famoso observatório de Nice, onde foi descoberto o asteróide 293, chamado Brasília, em homenagem ao Imperador, quando do seu exílio, em Paris.

Assim mesmo o Imperial Observatório trouxe-lhe muitas alegrias. Um dos trabalhos mais importantes lá realizados foram as observações do trânsito de Vênus, um raro evento que ocorre quando esse planeta passa na frente do disco solar.

Em Janeiro de 1887 o próprio Imperador faria estimativas do comprimento da cauda de um cometa, como ficou registrado na revista francesa "L'Astronomie", publicada até hoje. D Pedro II estava sempre em contato com os astrônomos do Imperial Observatório e discorria com rara competência sobre diversas questões científicas.


Imperial Observatório, no Morro do Castelo, Rio de Janeiro, como era em 1881.
Adaptação de uma gravura de Rubens de Azevedo.


O mal da República


A REPÚBLICA PRATICAMENTE DESTRUIU o Imperial Observatório. Aliás fez bem mais que isso: retardou o desenvolvimento do espírito científico no país, tão valorizado nos tempos do Segundo Reinado.


E a cada novo presidente que se sucedia no poder correspondia um degrau abaixo no conceito internacional da Astronomia brasileira. Alguns órgãos da imprensa ajudavam, confundindo a manipulável opinião pública, na medida em que fazia humor dos edifícios erguidos em São Cristóvão, no Rio, e no Parque do Estado, em São Paulo, onde então quase nada se fazia.


Foi preciso esperar um longo tempo. O primeiro presidente republicano a iniciar os trabalhos de reconstrução dos observatórios brasileiros foi Emílio Garrastazu Médici. Começou aí, ainda que timidamente, a recuperação do tempo perdido.


O Observatório Nacional, em São Cristóvão, o Observatório de Valongo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Observatório do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos e o Observatório Abraão de Morais em Valinhos, São Paulo, entre outros, começaram a organizar importantes programas de cooperação internacional.




QUAL É INSTRUMENTO DE TRABALHO DE UM ASTRÔNOMO?



Não permita que em sua mente venha apenas a imagem de uma luneta ou telescópio. A Astronomia precisa, é claro, de bons instrumentos óticos para ser praticada. Mas se você observar o Universo apenas com os olhos vai ver muito pouca coisa.



A natureza reserva o seu melhor para quem têm olhos de super-homem... e os astrônomos têm! Porém, ainda não basta esquadrinhar uma estrela através da sua emissão de raios X. Além de boas observações, é necessário raciocínio. Horas, dias e semanas de trabalho dedicado e minucioso.



É desse esforço, em qualquer área do conhecimento humano, que surge o nosso super-homem. Tem sido assim com um número cada vez maior de brasileiros, profissionais ou não, que levam muito a sério sua paixão pelo firmamento. Nesta última parte da série Astronomia no Brasil vamos conhecer uma pequena amostra de seus feitos mais recentes.





Eta Carina brilha ao centro:
o fascínio das estrelas gigantes.


Uma não, duas!


ETA CARINA É APENAS A SÉTIMA ESTRELA mais brilhante da constelação de Carina, ou Quilha, perto do Cruzeiro do Sul. Temos sorte de estar bem longe dela, pois ela pode brilhar tanto quanto cinco milhões de sois.


Pode porque seu brilho não é constante, como o Sol. Passados pouco mais de dois mil dias na Terra, Eta Carina perde luz equivalente a três mil sois. O que não seria novidade, pois existem muitas estrelas variáveis no Universo.


Mas para um astrofísico brasileiro ela não estava variando só por si mesma e sim porque tinha uma companheira. O par de astros, envolvido numa nuvem de gás e poeira, não podia ser revelado facilmente por telescópios.


Na época não foi fácil convencer a incrédula comunidade científica. Afinal, ciência se faz com argumentações convincentes. Mas ele provou que estava certo. Hoje é conhecido como o descobridor de um sistema estelar duplo.




 

Io tem mais vulcões ativos que a Terra


Sob o céu que tem mais estrelas

SANTOS DUMONT É HOMENAGEADO com uma cratera na Lua. O romancista José de Alencar também tem uma, em Mercúrio.

E uma pesquisadora brasileira que trabalhou na análise dos dados enviados pela missão Pathfinder, que enviou um jipe-robô para Marte, obteve o reconhecimento de seu valioso trabalho ao ter aceita a sua proposta de batizar vulcões em Io, um satélite de Júpiter, com nomes de divindades tupis.


Em Tritão, maior das luas de Netuno, está Viana, cratera com o mesmo nome de uma pequena cidade do Espírito Santo. Há muito mais exemplos como esses.




  
Mulher na Astronomia

No Rio de Janeiro, onde funciona o único curso de graduação em Astronomia do país, uma revolução silenciosa, onde as mulheres estão assumindo funções importantes em observatórios, está melhorando e fortalecendo a formação científica da Astronomia brasileira.

Muitos dos que escolheram outras profissões também fazem parte desse time. Um astrônomo amador de verdade não se contenta em reconhecer os objetos celestes. Ele domina métodos científicos e realiza observações que podem ser transmitidas para outros estudiosos. E tem muito valor.


Conhecimento que transforma

AINDA HÁ MUITO PARA SE FAZER pela Astronomia no Brasil. Em alguns países ela é como uma paixão nacional. Em outros, faz parte dos currículos escolares e ajuda sobremaneira ao entendimento de diversas outras ciências, como matemática, física, química, geografia e ainda ecologia e história. Houve até um tempo em que era ensinada no Brasil. Mas foi justamente um Ministro da Educação que prestou o desserviço de retirá-la das escolas.


Hoje, há pessoas que julgam esse tipo de conhecimento como cultura inútil. Saber que a Terra gira em torno do Sol pode não ter serventia no cotidiano da maioria absoluta dos brasileiros. O que muitos ignoram é que as implicações na obtenção do maravilhoso conjunto de novos conhecimentos trazidos pela Astronomia são capazes de transformar o Homem e sua relação com o mundo.


O dia dos 500 anos

QUANDO AQUELA HISTÓRICA EXPEDIÇÃO portuguesa, contando 1500 homens em 13 caravelas, aportou na Baía de Cabrália, a 12 km de Porto Seguro, não podiam imaginar que as novas terras eram na verdade parte de um continente e não apenas uma ilha.


Mas eles tinham certeza da data da chegada: 22 de abril de 1500, uma quarta-feira. Só que para Cabral e seus conterrâneos os anos começavam em 25 de dezembro: o calendário utilizado era o Juliano - não era como nos dias atuais, em que usamos o Gregoriano.

A diferença? 10 dias. Dez dias que foram esquecidos pela maioria dos historiadores na contagem de muitos eventos anteriores a 1582, ano em que o Papa Gregório XIII reformou o então calendário Juliano, que por acumular erros, já não mais coincidia com eventos da natureza, como o início das estações.


E quando desejamos contar o tempo até uma data anterior ao ano da reforma do calendário, devemos nos preocupar em adicionar os 10 dias que foram retirados do ano de 1582 para que o calendário voltasse a se adequar aos eventos naturais. Feito isto, o quinto centenário da chegada dos portugueses ao Brasil completou-se somente em 2 de maio do ano 2000.






ASTRÔNOMOS NOTÁVEIS
 
Uma série de pequenas biografias dos principais nomes que ajudaram a construir a ciência dos astros. Todos eles já nos deixaram, mas suas vidas e obras serão lembradas enquanto existirem olhos humanos a contemplar o firmamento.
Hiparco (190 - 126 a. C.)
Hiparco, em grego Hipparkhos, foi um astrônomo grego, construtor, cartógrafo e matemático grego da escola de Alexandria nascido em 190 a.C. em Nicéia, na Bitínia, hoje Iznik, na Turquia. Introduziu o conceito de grandeza, associado ao brilho das estrelas, e a ele se atribui a descoberta da precessão dos equinócios. Mas a verdade é que para Hiparco a Terra era imóvel.
Ptolemeu (em latim: Claudius Ptolemaeus; em grego: Κλαύδιος Πτολεμαος; 90 – 168 d.C.)
Foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele é reconhecido pelos seus trabalhos em matemática, astrologia, astronomia, geografia e cartografia. Realizou também trabalhos importantes em óptica e teoria musical.
Na época de Ptolomeu, a diferença entre astronomia e astrologia não era muito clara e, portanto, os estudos dessas áreas seguiam essa característica, diferente da concepção atual que distingue bem essas duas áreas.
O grande mérito de Ptolomeu foi, baseando-se no sistema de mundo de Aristóteles, fazer um sistema geométrico-numérico, de acordo com as tabelas de observações babilônicas, para descrever os movimentos do céu.
Nicolau Copérnico (Toruń, 19/02/1473 — Frauenburgo, 24/05/1543)
Considerado o pai da Astronomia moderna, sua obra foi o alicerce no qual se apoiaram outros grandes pensadores da humanidade.
Foi um astrônomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico. Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente teoria geocêntrica (que considerava, a Terra como o centro), é tida como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.
Galileu Galilei (Pisa, 15/02/1564 — Florença, 8/01/1642)
(em italiano: Galileo Galilei). Foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução científica. Galileu Galilei desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana. Foi condenado por criticar abertamente a física aristotélica e o sistema geocêntrico de Ptolomeu, mas não foi preso nem torturado. Sua importância vai muito além do histórico confronto com a Inquisição.
Tycho Brahe (Castelo Knutstorp, Skåne, 14/12/1546 — Praga, 24/10/1601)
Astrônomo dinamarquês. A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica. Possuía as observações astronômicas mais precisas do mundo. Resultado de 35 anos devotados à observação do céu antes da invenção do telescópio. Tycho foi um astrônomo observacional da era que precedeu à da invenção do telescópio, e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico.
Johannes Kepler (Weil der Stadt, 27/12/1571 — Ratisbona, 15/11/1630) 
Foi um astrônomo, matemático e astrólogo alemão e figura-chave da revolução científica do século XVII. É mais conhecido por formular as três leis fundamentais da mecânica celeste, conhecidas como Leis de Kepler, codificada por astrônomos posteriores com base em suas obras Astronomia Nova, Harmonices Mundi, e Epítome da Astronomia de Copérnico. Elas também forneceram uma das bases para a teoria da gravitação universal de Isaac Newton. Seus estudos sobre Marte resultaram nas 3 Leis do Movimento Planetário. Sua vida assinala o surgimento da ciência moderna, fruto da teoria e observação. Seu espírito sonhador nunca descansou.
Giovanni Domenico Cassini (08/06/1625 — Paris, 14/09/1712)
Também chamado Jean-Dominique ou Cassini I, era astrônomo e matemático francês de origem italiana. Criou um mapa da Lua quase tridimensional, mediu a distância de Marte, descobriu a Mancha Vermelha de Júpiter, luas em Saturno e a estreita falha em seus anéis. Seus resultados ajudaram no cálculo da velocidade da luz.
Christiaan Huygens (Haia, 14/04/1629 — Haia, 8/07/1695)
Foi um matemático, astrônomo e físico neerlandês. Descobriu os anéis de Saturno. Galileu Galilei foi o primeiro a observar os anéis de Saturno, porém seu instrumento (telescópio) não lhe permitiu identificar com clareza os anéis. Enquanto ele revelou a natureza dos anéis de Saturno e Titã, uma das maiores luas do Sistema Solar. Interessou-se por óptica e mecânica, enunciou a lei do pêndulo e envolveu-se numa grande polêmica com Isaac Newton.
Edmond Halley (Haggerston, 08/11/1656 — Greenwich, 14/01/1742)
Astrônomo e matemático britânico. Quando pensamos nele, lembramos do cometa preferido da humanidade.
Mas suas observações se estenderam além da Astronomia, em campos como o magnetismo, a propagação do calor, a luz e a aerodinâmica.
Charles Messier (Badonviller, 26/06/1730 – Paris, 12/04/1817)
Francês. Seus cadernos estavam repletos de anotações sobre manchas solares, cometas e até observações meteorológicas, mas o que o tornaria famoso seria seu catálogo de objetos difusos.
William Herschel (Hanôver, 15/11/1738 — Slough, 25/08/1822)
Foi um astrônomo inglês nascido na Alemanha.
Filho de um músico da Guarda Hanoveriana - para a qual entrou aos catorze anos -, foi para a Inglaterra em 1757, onde começou a ganhar a vida como músico e organista.
Por volta de 1766, começou a estudar seriamente astronomia e matemática. Em 1781, mais precisamente no dia 13 de Março, Herschel descobriu o planeta Urano (que inicialmente tomou por um cometa). Pouco depois, foi nomeado astrônomo da corte. Em 1787 descobriu dois satélites de Urano.
Descobriu Urano.
  
William Lassell (Bolton, 18/06/1799 — Maidenhead, 05/10/1880)
Astrônomo amador inglês. Foi um astrônomo amador inglês.
Descobriu Tritão, o maior satélite de Netuno, em 1846. Juntamente com William Cranch Bond foi o descobridor, em 1848, de Hiperion, um dos satélites de Saturno. Em 1851 Lassell descobriu Ariel, o satélite mais brilhante de Urano.
Foi um cervejeiro muito bem sucedido antes de se interessar por astronomia.
Urbain Le Verrier (Saint-Lô, 11/03/1811 — Paris, 23/09/1877)
Foi um astrônomo francês e matemático. Especializado em mecânica celeste, é conhecido pela contribuição à descoberta do planeta Netuno. Após Netuno ser descoberto, ele tentou explicar as discrepâncias na órbita de mercúrio supondo um planeta orbitando entre mercúrio e o sol; este planeta, chamado de vulcano, nunca foi descoberto.
Descobriu Netuno.

Percival Lowell (13/03/1855 – 13/11/1916)
Estados Unidos
Americano obcecado pelo planeta Marte, Lowell deixou grandes contribuições para o nosso conhecimento da natureza e da evolução dos planetas. Se dedicou ao “Planeta X” no fim de vida. Lowell continuou observando o céu à procura do Planeta X até sua morte em 1916, mas não achou nada. Apesar disso, ele fotografou Plutão duas vezes, mas não o reconheceu


Edwin Hubble (Marshfield, 20/11/1889 — San Marino, 28/09/1953)
Americano. Advogado de formação, sua dedicação à Astronomia lhe roubou mais tempo que a carreira legal. Mas ao contrário do que muitos pensam, jamais definiu uma teoria sobre a expansão do Universo.
Clyde Tombaugh (Streator, 04/02/1906 — Las Cruces, 17/01/1997)
Astrônomo americano. Foi um astrônomo estado-unidense. Trabalhava no Lowell Observatory quando em 1930 descobriu o planeta anão Plutão, descoberta que o tornou célebre. Também descobriu bastantes asteróides e apelou para a psquisa científica séria de objetos voadores não identificados.
Descobriu Plutão (e não Percival Lowell)
Carl Sagan (Nova Iorque, 09/11/1934 — Seattle, 20/12/1996)
Astrônomo americano. Sua memória traz a admiração, emoção e alegria de aprender ciência.
Teve o privilégio de estudar numa época em que o status de professor universitário não tinha relação com o número de artigos publicados. Foi professor de astronomia e ciências espaciais na Cornell University e professor visitante no Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Criou a Sociedade Planetária e promoveu o SETI.

Por Martha Cibelli


Profissão: Astrônomo

"Amamos tão apaixonadamente as estrelas que não temos medo da noite."
Epitáfio na lápide de dois astrônomos amadores



Noites e noites em claro, passadas na companhia de poderosos telescópios que apontam a imensidão do céu, num silêncio apenas quebrado pelo barulho do vento e o tritilar dos grilos.


Essa é a visão mais tradicional do astrônomo, esse profissional da ciência tantas vezes confundido com adivinhos. Mas, por incrível que pareça, é uma visão bem distante do dia-a-dia dessa profissão.

A Astronomia é diferente da maioria das outras ciências em que podemos interagir diretamente com o objeto de estudo. Afinal, não é possível dissecar, pesar, tocar ou realizar outros experimentos similares com uma estrela!

Por outro lado, a luz que os corpos celestes emitem carregam informações que podem ser compreendidas pelo astrônomo. Seu trabalho consiste, resumidamente, de uma sistemática em que é preciso saber formular questões, pesquisar e obter dados relevantes, levantar hipóteses e então testá-las.

Trabalho e remuneração

Astronomia é Física Aplicada. Desse modo, a formação desse profissional pode começar com um bom bacharelado em Física. Uma formação específica vem mais tarde, com a pós-graduação. No Brasil existem apenas dois cursos de graduação em Astronomia, no Rio de Janeiro e em São Paulo – onde se concentram a maior parte dos pesquisadores que atuam nessa área.


A carreira acadêmica em Astronomia sempre conduz à pesquisa, em campos como Ciência planetária, Astronomia solar, Origem e evolução das estrelas, Formação de galáxias ou Astronomia teórica.


No entanto, já há algum tempo o campo de trabalho da Astronomia vai além da pesquisa. Um astrônomo profissional
* pode atuar em locais variados, como empresas de telecomunicações, planetários ou museus de ciência.


Seus rendimentos normalmente serão compatíveis com a titulação que possuírem (graduação, especialização, mestrado ou doutorado) e função (Professor Adjunto, Substituto, Titular, Diretor de Planetário etc).

OBSERVATÓRIOS no alto de montanhas, como este, no Chile, s
ão apenas alguns dos muitos aparelhos utilizados pelos astrônomos.
Quase todos se baseiam no fato de que os corpos celestes
não podem ser medidos diretamente – portanto temos de estudá-los
a partir das informações que recebemos deles.



O ENSINO DA ASTRONOMIA NO BRASIL começou com a Carta de Lei de 4 de dezembro de 1810 que criou a “Academia Real Militar”, responsável pelo ensino de Matemáticas e Ciências.

O ASTRÔNOMO, de Vermeer (1688).
Museu do Louvre.

Foi no Rio de Janeiro de 1958 que dois astrônomos do Observatório Nacional (ON) fundaram o primeiro Curso de Graduação em Astronomia do país, na antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


O ON é uma das mais importantes instituições astronômicas do nosso país. Fundado em 1829, ele conta com dezenas de pesquisadores contratados e suas áreas de interesse incluem Astronomia e Astrofísica Planetárias, Estelares e Extra-galácticas.

Os principais OBJETOS DE ESTUDO da Astronomia estão sempre ao seu ALCANCE

Hoje em dia, engenheiros, matemáticos, químicos, geógrafos e profissionais de computação (entre outros) também podem seguir essa carreira, atuando como astrônomos profissionais ao optar por cursos de especialização e pós-graduação, já disponíveis em boa parte das universidades brasileiras.


Amadores são bem-vindos


DE TODAS AS CIÊNCIAS, porém, a Astronomia apresenta muitos de seus principais objetos de estudo ao alcance do olhar de todos. Para descobrir um novo cometa, por exemplo, não é imperativo dispor de laboratórios sofisticados, nem de uma educação formal. A Astronomia é, talvez, a única profissão em que os amadores são bem-vindos. Muito bem-vindos.


São eles que passam a maior parte do ano esmiuçando o céu com seus modestos telescópios e difundem essa ciência com mais paixão. Não são profissionais. Fazem o que fazem por hobby, por amor. Mas acabam atuando lado a lado com os homens e mulheres da ciência, estimulando o pensamento crítico e atraindo a atenção de jovens talentosos para essa “misteriosa” profissão.


E, num certo sentido, todos os astrônomos de verdade são amadores.

* Usamos o termo "profissional" para designar aqueles que são remunerados para executar uma determinada função e dela tiram o seu principal sustento.



Atenção: Quem quiser ter em seu PC o céu em tempo real, favor dar uma espiada na postagem “Stellarium”. Lá verão como baixar um programa que viabiliza isso.

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